Não dê tanta importância para seu exame de imagem

Sim meu caro leitor, parece uma mensagem controversa. Apesar de não ser novidade há anos, esta afirmação vai ao oposto do que normalmente as pessoas acreditam e ao que grande parte dos profissionais de saúde informam aos seus pacientes.

Muitas das vezes os achados radiológicos de análise do sistema musculoesquelético não estão relacionados à dor do paciente.

São vários estudos na literatura científica que realizam exames em pessoas assintomáticas e encontram achados radiológicos característicos de lesões como hérnia de disco, bico de papagaio (osteófitos), lesões de menisco, lesões ligamentares, desgastes na cartilagem (condropatia), rupturas ou tendinopatias de manguito rotador (musculatura estabilizadora do ombro), entre outras. Um estudo demonstrou que cerca de 20% das pessoas sem dor ou lesão com menos de 40 anos e cerca de 50% das pessoas com mais 40 anos irão apresentar algum sinal de degeneração em exames de imagem (CULVENOR et al., 2018). Na mesma linha de pesquisa, outro estudo que avaliou o joelho de 230 pessoas assintomáticas e verificou que 97% da amostra possuía uma alteração na ressonância magnética (HORDA et al., 2020). Uma revisão sistemática com metaanálise analisou estudos que somados tiveram acesso à ressonância da coluna de 3110 pessoas. Destes, 37% dos jovens adultos e 96% dos idosos apresentaram degeneração discal e não possuíam sintomas na coluna lombar (BRINJIKJI et al., 2015).

No decorrer da vida os nossos ossos, tendões e músculos se degeneram, sendo que a maioria das alterações encontradas nos exames de imagens são inerentes ao processo natural de envelhecimento. É como se importar como uma ruga ou cabelos brancos, estes fatores não deveriam ser um sinal de preocupação. Cabe a nós nos mantermos ativos (prática de atividade física) e manter bons hábitos para atrasar ao máximo o processo degenerativo das nossas estruturas musculoesqueléticas.

Os exames de imagem (raio x, ressonância magnética, ultrassom e outros) possuem o seu valor e são ferramentas importantes na identificação e diagnóstico diferencial de muitas condições osteomusculares, mas não devem ser o “carro-chefe” na avaliação dos sintomas, funcionalidade e na determinação prognóstica (tempo de melhora) dos pacientes. Exames são como uma fotografia do corpo e não é possível ver a dor com eles.

Uma avaliação clínica bem feita precisa concluir se a alteração estrutural encontrada no exame de imagem tem relação com a queixa clínica do paciente, e este é um dos pontos centrais na avaliação médica ou fisioterápica. Portanto, não valorize tanto o seu exame de imagem. Há muitos outros fatores que podem estar envolvidos na ocorrência dos seus sintomas.

Por Ana Luiza Rodrigues

REFERÊNCIAS

CULVENOR, Adam G. et al. Prevalence of knee osteoarthritis features on magnetic resonance imaging in asymptomatic uninjured adults: a systematic review and meta-analysis. British journal of sports medicine, v. 53, n. 20, p. 1268-1278, 2019.

HORGA, Laura M. et al. Prevalence of abnormal findings in 230 knees of asymptomatic adults using 3.0 T MRI. Skeletal radiology, v. 49, n. 7, p. 1099-1107, 2020.

BRINJIKJI, Waleed et al. MRI findings of disc degeneration are more prevalent in adults with low back pain than in asymptomatic controls: a systematic review and meta-analysis. American Journal of Neuroradiology, v. 36, n. 12, p. 2394-2399, 2015.

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