Entenda a metodologia do CrossFit

CrossFit ou Treinamento de Modalidades Mistas é um programa de força e condicionamento que possui ênfase em movimentos funcionais, sendo composto por exercícios constantemente variados e de alta intensidade.

A prática do CrossFit utiliza uma mistura de elementos de diferentes modalidades esportivas como exercícios da ginástica, de levantamento de peso olímpico (LPO) e cardiorrespiratórios. A filosofia deste programa de treinamento criado por Greg Glassman no final dos anos 90 visa aperfeiçoar a competência física em dez domínios: resistência, força e flexibilidade muscular, energia, velocidade, coordenação, agilidade, equilíbrio, precisão e resistência cardiovascular e respiratória. Desde então, o esporte conta com um número crescente de praticantes e, atualmente, encontra-se presente em 142 países com mais de 15000 academias afiliadas (crossfitmaps.com).

As sessões de treino do CrossFit são divididas basicamente em três momentos (aquecimento, Skill e WOD). O aquecimento é realizado em intensidade e níveis de complexidade menores, objetivando a preparação para as atividades que virão na subsequência – nesta fase podem ser incorporados exercícios para ganho de  mobilidade articular e a auto liberação miofascial. No segundo momento, denominado skill (técnica/habilidade), são realizadas atividades que trabalham a habilidade do indivíduo necessária ao aprendizado de um novo movimento/exercício e também pode ser composto por séries de exercícios de força. A terceira parte da sessão, considerada o momento principal do treino, é o WOD (“workout of the day”) caracterizado por combinações de diferentes modalidades esportivas.

Os treinos são compostos por uma grande variedade de movimentos que vão desde exercícios aeróbicos, calistênicos (exercícios que envolvem a sustentação do peso do próprio corpo) a atividades que envolvem força e potência muscular. Esses movimentos são realizados em alta intensidade com pouco ou nenhum descanso entre as séries. O WOD pode ter vários formatos, como o maior número de repetições a ser realizado no menor tempo possível ou o maior número de repetições possível durante um período determinado, em inglês “as many repetitions as possible” (AMRAP). Esse treinamento permite que um grupo de indivíduos com diferentes níveis de experiência e habilidade realizem o mesmo treino, respeitando a individualidade de cada um. Para isso, o treinador pode simplificar o movimento ou modificar a sobrecarga do exercício, de forma a permitir que todos participem. Além disso, o treinador pode utilizar como base os Benchmarks, que são WODs ou “treinos padrão” que servem como parâmetro avaliativo individual, possibilitando assim verificar a evolução dos atletas.

A literatura científica investiga os possíveis benefícios e riscos relacionados à prática do CrossFit. Em sua maioria, os estudos buscam os efeitos do esporte em parâmetros relacionados à composição corporal, comportamento psicossocial, fatores fisiológicos e risco de lesões musculoesqueléticas. Os resultados demonstram que a modalidade foi capaz de aumentar VO2 máximo e reduzir os índices de gordura corporal em todos os grupos estudados, independentemente do gênero e nível de aptidão física. Apesar dos múltiplos benefícios da prática do CrossFit, a modalidade tem sido alvo de muitas críticas, especialmente porque acredita-se que o esporte possa gerar um alto número de lesões. Contudo, a literatura apresenta taxas entre 2,1 e 3,3 lesões a cada 1000 horas de treinamento, valores que são compatíveis com modalidades semelhantes como LPO, ginástica e powerlifting e mais baixas do que em outros esportes como futebol, basquetebol, hockey e rugby. As articulações mais lesionadas são o ombro, lombar, joelho e o punho/cotovelo. Dessa forma, a adequada realização da rotina de treinamento depende de competência técnica para adotar a execução correta dos movimentos e da capacidade do sistema musculoesquelético do indivíduo para lidar com alta demanda de geração e dissipação de força.

Tem interesse em iniciar esta prática esportiva? Procure profissionais capacitados e box’s/academias que realizem uma avaliação ou acompanhamento inicial de cada integrante para a prescrição de exercícios individualizada – mesmo no âmbito coletivo.

Por Ana Luiza Rodrigues

Referências

  • CLAUDINO, João Gustavo et al. CrossFit overview: systematic review and meta-analysis. Sports medicine-open, v. 4, n. 1, p. 11, 2018.
  • FEITO, Yuri; BURROWS, Evanette K.; TABB, Loni Philip. A 4-year analysis of the incidence of injuries among CrossFit-trained participants. Orthopaedic journal of sports medicine, v. 6, n. 10, p. 2325967118803100, 2018.
  • GLASSMAN, Greg. Understanding CrossFit. East Valley Crossfit Newsletter.(1), 2010.
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